terça-feira, 26 de novembro de 2013

Oposição angolana cobra satisfações sobre o excesso policial na manifestação

No passado sábado, 23 de Novembro, elementos da guarda presidencial angolana mataram a tiros o líder da ala juvenil da coligação partidária CASA-CE. Manuel Hilberto Ganga estava a fixar panfletos que convocavam a população a uma manifestação contra a repressão quando foi atingido com dois tiros no peito. Também a polícia deteve cerca de 300 pessoas, agora libertadas, e feriu outras tantas. Entretanto, a polícia reconheceu a acção da guarda presidencial. Por causa do excesso policial uma onda de contestação surgiu no país e não só. Os partidos políticos, por exemplo, prometem não deixar o assunto morrer como nos anteriores casos. Entreviste o membro do Bloco Democrático, Filemono Vieira:

Nádia Issufo: Quais são as primeiras ilações que tira dos acontecimentos de sábado?
Filomenos Viera (FV): As principal ilação é a inviabilidade que o Governo está a provocar ao estado de direito em Angola. O país impõe-se cada vez mais como um Estado ditatorial, que não respeita as leis constitucionais,  e neste fim de semana ficou claro para a opinião pública mais céptica que o que se passa aqui é uma ditadura camuflada, que nem os parlamentares sequer são poupados.

NI: Muitos partidos juntaram-se a esta manifestação. Agora que houve este excesso policial que atitude se espera destes partidos? Uma união para contestar ou até levar a polícia a tribunal seriam acções válidas?

FV: Houve uma atitude positiva de todos os partidos relativamente a manifestação e sobretudo em relação a questão humanitária. Penso que os partidos estão a tirar lições da necessidade de unir esforços no sentido de fazerem uma luta comum pela democratização do país e também por um combate eleitoral.

NI: Entretanto, recentemente o Presidente angolano demitiu o responsável da secreta supostamente por ter permitido uma ilegalidade, o suposto assassinatos dos ex-militares. Agora a guarda presidencial comete uma irregularidade, tal como a polícia. O que tem a dizer sobre essa contradição de atitudes, tentativa de "limpar" a secreta e por outro a mesma polícia, embora não a secreta, prossiga com a impunidade?

FV: Pois, é bom ressaltar que as manifestações até agora foram pacíficas e o uso de armas e gás lacrimógeneo foi iniciativa policial. Neste fim de semana a polícia claramante fez uma ofensiva contra os manifestantes. Da outra vez o Presidente demitiu o ministro da informação, provavelmente as razões estarão ligadas a este caso. Pensamos que da vezes em que houve um raptos ligado a UGC havia implicações a este nível. Desta vez verificamos que foi a USP, Unidade de Segurança Presidencial, portanto não há aqui qualquer tipo de zona obscura. E esperamos neste caso que novas acções possam ser cometidas, quer pelo comando desta unidade, quer também pelo ministro do interior que teve um comportamento extremamente negativo através da polícia, do comanado geral e provincial . Portanto, penso que a oposição vai exigir que se tomem medidas em relação a isto.


Acompanhe mais sobre o assunto em: http://www.dw.de/25-de-novembro-de-2013-noite/a-17254018

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