segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sociedade moçambicana amadurece?

Em Moçambique alguns sectores públicos preparam greves para exigir basicamente melhores salários ao Governo de Armando Guebuza. Os médicos deram o pontapé de saída no princípio deste ano que custou muito caro a alguns deles. Os enfermeiros ensaia(ra)m tamb´me uma, mas desta vez o governo resolveu sentar-se a mesa de negociações, caso contrário seria o descalabro total do sistema de saúde.

A polícia, que opta pelo silêncio, seguindo a linha do seu Governo, aos olhos do mundo faz de conta que tudo está bem, também numa clara demonstração de arrogância e ditadura. Vamos esperar para ver se em Abril os "cinzentinhos" terão força para atirar a toalha ao chão... Quem não esteve com meias medidas sãos os "ex" da secreta. Eles já sairam a rua.

O novo formato da contestação
Estarão os moçambicanos a ficar mais organizados? Parece-me que sim. As violentas manifestações de 2011 assustaram apenas o Executivo, mas não trouxeram resultados. Cesta básica, pão e transporte, ficaram mesmo só nas bocas, não do povo, claro. A concertação tendo como base a legislação é mais produtiva, e tendo uma pitada de revolta traz o efeito desejado. Esse pode ser um sinal de que a classe trabalhadora está a amadurecer. E por sua vez isso significa um amadurecimento da sociedade no seu todo. A greve legal substitui a manifestação "ilegal".

O preço do voto
2013 e 2014 são anos de eleições em Moçambique. A caça ao voto já começou, sem o tiro de partida da CNE. E isso não passa despercebido para a classe trabalhadora descontentes. O custo de vida está cada vez mais alto, e insuportável para a grande maioria. Este é o momento certo de "encostar" o Governo a parede. Outro sinal de que os moçambicanos se estão a tornar em "jogadores" profissionais a altura do seu Governo. E já vão muito tarde na minha óptica... Desconfio que o Governo se tranquilizou pensado: "os moçambicanos são pacíficos..." e realmente só agora eles lhe mostram como o são...

Cerco ao Governo
Enquanto muitos membros de Governo enriquecem usando os seus cargos para isso, o descontentamento aumenta. Não é só a população que quase vive de forma miserável, os partidos da oposição também querem parte do "bolo" e há ainda os "invisíveis". O líder da RENAMO já marcou terreno em Nampula, "a região do futuro" em termos económicos, e onde grandes figuras políticas tem interesses. Pouco depois desceu para o seu bastião, Sofala, onde tempos depois uma empresa anunciou a existência de grandes quantidades de ouro. Ao que tudo indica Moçambique está a ser "esquartejado" a portas quase fechadas. E provavelmente a lógica bem básica e primária deve ser: o partido na situação, a FRELIMO, é sulista. Então ele que fique com o sul pobre. E a RENAMO que tem forte apoio a partir da "cintura" para cima, e a região mais rica (pelo menos até agora...) quer beneficiar-se disso.

Se juntarmos esta disputa pelos recursos naturais e a insatisfação social pode se encontrar legitimidade no resultado de estudo realizado pelo politológo inglês Jay Ulfelder que coloca Moçambique na 19ª posição na lista dos países com mais riscos de sofrer um golpe de Estado. Há possibilidades de um golpe de Estado vir do lado "inesperado"? Quais são as brechas existentes para que uma mão externa orquestre um golpe de Estado ou uma guerra? Enfim, são apenas perguntas...





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quo Vadis Vaticano?



A renuncia do Papa Bento XVI fez-me lembrar as renuncias de dirigente políticos em países onde a cultura democrática é madura e a sociedade é devidamente esclarecida e activa. Na política elas costumam ser resultado de pressões cujos motivos são de conhecimento público, no caso do Papa parece-me que os verdadeiros motivos não são divulgados, não acredito que sejam apenas motivos de saúde que originaram a sua saída. Na sua última missa, nesta quarta-feira, lançou algumas indirectas e directas, por exemplo, ele denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que procuram os aplausos e a aprovação" e apelou ao fim das rivalidades na Igreja Católica. Bento XVI desmascara  parcialmente a sua Igreja na hora do adeus. Agora vamos todos especular o que está por detrás destas palavras.


O pecado debaixo da batina
O seu papado está profundamente manchado, a pedofilia no seio da igreja católica é maior mancha. Bento VXI pecou por, pelo menos aos olhos do mundo, por encobrir até ao último minuto os abusos sexuais dentro da própria casa de Deus. Atitude que só aumentou a revolta dos ofendidos e daqueles que fazem o sinal da cruz quando o assunto é a igreja católica. Na verdade este comportamento colide com as palavras proferidas na sua última missa... A aparência continuam a ser a capa que esconde os "podres" pedófilos, e outras podres da igreja.

Luxos pagos pelos contribuintes revoltados
Em época de crise financeira na Europa os luxos do Papa e da igreja católica ganharam mais brilho aos olhos dos contribuintes agora mais empobrecidos. Quando visitou a Espanha em 2010 o governo, supostamente laico, gastou com ele e sua comitiva quase 5 milhões de euros dos contribuintes que não foram consultados. Para além de que vários deles nem são católicos, e portanto não tem "obrigações" para com ele. É caso para dizer que também há uma violação gritante dos direitos democráticos no velho continente... Mais sobre esta visita para ler em: http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1704351&seccao=Europa  


Descamisar os africanos
Bento VXI minou os esforços de governos, ONGs, associações no combate ao HIV-SIDA ao condenar o uso de preservativos. Com isso também fez correr pelo ralo milhões de euros gastos na luta contra a doença. É inacreditável que na sua primeira visita ao continente africano, o mais afectado pela doença, diga que a camisinha agrava o combate a doença. Chega a ser desumano. Mas em parte devo reconhecer que ele pode estar certo, afinal ao incentivar-se o uso do preservativo banaliza-se também o sexo. É preciso resgatar ou incutir as boas práticas, também em nome da saúde, mas quando a situação é crítica, como é o caso do SIDA em África, o seu uso tem de ser reconsiderado. E neste ponto ele meteu os pés pelas mãos. Leia sobre a sua visita a África em: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1171809

O desenquadramento social da Igreja Católica
Dada a repercussão das suas palavras Bento XVI veio dar o dito pelo não dito, pondo de certa forma em causa os dogmas da igreja. Esta é apenas mais uma prova de que a igreja católica, tal como as outras religiões universais, não são maleaveis as dinâmicas sociais. E por isso a ocorrência de novos fenómenos sociais se revela uma desafio para elas, que muitas vezes ou fazem ouvidos de mercador, ou então usam argumentos desajustados desencadeiando um sentimento de repulsa contra ela. Terá sido este um dos pontos que também originou as denuncia de "hipocrisia religiosa" no seu último discurso? Será que foi este um dos momentos em que atirou a saia ao chão contra a "hipocrisia" que num primeiro momento foi "obrigado" a vestir? Ler mais em: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/papa-aceita-uso-de-preservativos-em-alguns-casos-diz-livro

Faz o que eu digo e não que faço
No último natal o Papa condenou o capitalismo financeiro não regulado e a desigualdade entre ricos e pobres. Não deixa de ser irónico o seu discurso, vemo-lo na televisão a levantar uma taça cravada de pedras preciosas, usa sapatos que custam não só os olhos mas a cara toda, gasta balúrdios com as suas viagens, entre outras centenas de luxo. Com certeza ele nunca ouviu falar da "vida franciscana"... São esses desajustes entre discurso e acções que causam uma revolta e consequente afastamento dos crentes, ou se quisermos os frequentadores de igreja.


Suástica de Ratzinger é diferenciada das outras
O facto de Bento XVI ter pertencido ao juventude hitleriana e até servido a infantaria causa repulsa a muitos, mesmo que ele tenha sido obrigado a pertencer a ela contra a sua vontade como diz. Mesmo que não queira carrega a pior mancha da Alemanha, o nazismo. E para limpar a sua imagem jornalistas alemães deram um contributo através de entrevistas, biografias, etc...


Vaticano colocado a prova
Enfim, esses devem ter sido apenas alguns dos factores que originaram a sua decisão de renuncia. Mas também me pergunto se ele não terá sido apenas vítima do destino, ou se quisermos, da dinâmica mundial. Acho que a sua saída pode simbolizar um descalabro da igreja católica como estrutura que ainda tinha uma palavra a dar nos vários aspectos da vida humana, e não extamente um fracasso do Papa. Se a igreja não for restruturada o próximo Papa, se tiver caracter, pode também resignar, porque a sociedade vai a um ritmo que não se coaduna com prescrições. 

Ou então não. Este pode ser o momento poderá representar o marco da viragem na igreja católica, uma espécie de reforma. Se Bento XVI chutou o balde na sua última missa, pode entao ser considerado um revolucionário...



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Liberdade de imprensa em Angola sobe mais no papel do que no terreno

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) lançou o seu relatório anual deste ano sobre a liberdade de imprensa no mundo no passado dia 31 de Janeiro. Para os PALOP, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, há boas e más notícias: Angola subiu pontos, mas Cabo Verde e Guiné Bissau foram os piores na perda de pontos. Entretanto, o jornalista e membro do sindicato dos jornalistas angolanos Adalberto José disse a DW que no terreno essas melhorias não são tão percptiveis.



Nádia Issufo: O que terá contribuído para a subida de Angola no ranking da liberdade de imprensa?

Adalberto José: Não sei ao certo quais terão sido os critérios usados pela RSF, mas temos de convir que nos últimos tempos tem havido uma certa ligeiração por parte do Executivo em relação a liberdade de imprensa, isso constata-se através dos meios de comunicação públicos, que são o calcanhar de Aquiles. Mas isso «e sobretudo o resultado do esforço feito pela media privada e sociedade civil na pressão que tem sido feita ao Executivo para garantir os seus direitos consagradas na Constituição, como o pluralismo, diversidade de informação, e o próprio incentivo que a Constituição garante em relação a democracia. Portanto, ao contrário do que assistimos em 2010 e 2011, nota-se um esforço da media pública que opta por uma maior diversificação de fontes, há mais cruzamentos dos diferentes actores sociais. Se calhar foram esses os critérios usados pela RSF para subir Angola no seu ranking.

NI: Entretanto a media privada está cada vez mais a ser dominada por gente ligada a elite política em Angola. O que tem a dizer sobre o trabalho deste sector?

AJ: Nós últimos tempos a sociedade civil e o jornalistas tem se preocupado com a media privada. Assistimos a compra de grandes meios de comunicação social por gente do partido no poder, o MPLA, e não sabemos o que isso representa sob o ponto de vista das linhas editoriais dessas empresas. Nota-se ai uma tendência para a censura, e isso não é bom, tem sido denunciado. E penso que isto é um dos factores que concorre para que a fragilização da democracia angolana, na medida em que a imprensa privada continua  a ter um papel muito preponderante na diversificação e no acesso a informação contraditória. Mas este assalto que o poder público faz aos meios de comunicação privados acaba de alguma forma por afectar a liberdade de expressão, na medida em que muita gente que não tem espaço nos meios público consegue nos privados.

NI: Há ai o exemplo da Rádio Eclésia que luta para transmitir para todo o país, ainda sem sucesso, e há ainda casos de intimidação de jornalistas. Como avalia esta subida no ranking do RSF, tomando em conta estes dois exemplos?

AJ: No caso da Eclésia sabemos que a actual lei de imprensa não permite que ela transmita para todo o país, é um privilegio único da Rádio Nacional de Angola. E isso de alguma forma restringe a liberdade de imprensa e de opinião de muitas pessoas que estão noutros cantos do país e que gostariam de ouvir a rádio. No que se refere a intimidação o cenário tende a melhorar, já tivemos situações preocupantes. Digo mesmo que chegamos ao extremo. Ultimamente não temos ouvido muitos casos. Ainda assim noutro sector nota-se uma certa intimidação dos jornalistas, no acesso as diferentes fontes de comunicação. Há um esforço da media e dos diferentes segmentos sociais para fazer com que o poder público respeite esses princípios consagrados na Constituição. Esperemos que esses avanços continuem de forma significativa, porque aqui no terreno as coisas não são bem assim, ainda há questões que devem ser acauteladas e revistas para que os meios de comunicação e jornalistas exerçam as suas funções de acordo com o que está plasmado na Constituição.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Governo moçambicano vai confrontar dados da Rio Tinto

Depois da Rio Tinto ter anunciado em janeiro passado perdas de 2,250 mil milhões na exploração de carvão mineral em Moçambique, o Governo moçambicano diz que espera agora pelos resultados que confirmam a baixa de qualidade das reservas para depois fazer a sua própria pesquisa e confrontação. A DW conversou com o director nacional adjunto de minas, do Ministério dos Recursos Minerais, Obed Matine, no passado dia 22.


Nádia Issufo: O que o Ministério dos Recursos Minerais tem a dizer sobre o anúncio da Rio Tinto?

Obed Matine: A Rio Tinto fala de perdas por imparidade que derivam de duas situações: primeiro ligada ao alumínio e segundo ligada ao projecto de carvão em Moçambique. E em relação ao último caso, abordam-no de duas formas, primeiro está relacionado com um processo dinâmico de avaliação das reservas e da qualidade do carvão, um processo normal feito periodicamente. E acontece que na sua última avaliação verificaram que, em princípio, as reservas estão abaixo do que estimavam inicialmente, e por outro lado há mais percentagem de carvão térmico irrecuperável, e que a percentagem do  carvão coque nas suas áreas é baixa. Por outro lado a questão ligada as infraestruturas e logística faz com que o tempo que esperavam para ter o retorno dos investimentos, vai ser mais longo do que o que previam, e por isso declararam as perdas por imparidade.

NI:  E não foi possível constatar isso logo no inicio?

OM: O estudo geológico tem varias fases, numa primeira fase não se tem todas as informações. Só num segunda fase, quanto mais se realizam estudos de detalhes se tem mais informações.

NI: Entretanto a Rio Tinto pondera vender a sua participação em Benga, em Tete. A acontecer isso o que pode significar para o sector mineiro moçambicano a saída de uma renomada empresa com a Rio Tinto?

OM: Não tenho conhecimento da pretensão da Rio Tinto, depende da estratégia que ela quer adoptar. O que nós estamos a fazer como Governo, é encontrar soluções, com vários parceiros, para que os empreendimentos, os investimentos tenham retorno, criando infraestruturas logísticas para a exportação do carvão. E há várias linhas desenhadas para esse efeito.

NI: A existência de infraestruturas é da responsabilidade apenas do Governo?

OM: As linhas férreas e os portos são da responsabilidade do Governo, mas o seu desenvolvimento pode ser feito através de parcerias público-privadas. As empresas são chamadas, o Estado delimita as linhas, dá as balizas, e a parceria público-privada no desenvolvimento das infraestruturas.

NI: Sei que a Rio Tinto projectou a exportação de carvão pelo rio Zambeze. O que impediu que o projecto andasse?

OM: Os estudos de impacto ambiental não aconselharam.

NI: O que vai fazer o Governo agora?

OM: Agora procuramos saber o que leva a essa situação, quais são as razões de facto. Então estamos a espera do relatório global do detalhe do calculo de reservas, a avaliação que eles fizeram nos últimos tempos, e nessa altura faremos a nossa própria avaliação.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A pressao da Rio Tinto ao Governo de Guebuza



Não tenho capacidade para avaliar as perdas que a segunda maior empresa mineira anunciou ter tido em Moçambique na exploração de carvão mineral, em cerca de 2,250 mil milhoes de dólares, mas fiquei com algumas pulgas atrás da oorelha.

A empresa anglo-australiana apresentou basicamente dois argumentos: existência de mais quantidades de carvão térmico do que carvao coque, este último o mais desejado, e também a falta de infraestruturas para o escoamento do produto. É neste segundo ponto que algo não bate certo...

Ora vejamos, só duas empresas exploram carvão na província de Tete, a Vale e a Rio Tinto. A primeira depois de uma odisseia, já consegue escoar o produto usando o corredor da Beira até o porto da Beira. E mais, vai dominar as movimentacoes do porto de Nacala, através do corredor de Nacala, onde tem participação através da empresa que a gere. Ou seja, no que se refere a infraestruturas está tudo tranquilo, e não se põe em causa a qualidade do produto. A boca pequena se diz que a empresa que gere o corredor de norte, tem participação de importantes figuras da elite política moçambicana. Ainda hoje li uma notícia sobre o Corredor de Nacala: http://opais.co.mz/index.php/economia/38-economia/24106-corredor-de-nacala-pronto-no-segundo-semestre-de-2014.html
E o que resta a Rio Tinto? A empresa até tentou pensar em usar o rio Zambeze para escoar o seu carvão, mas teve a mesma resposta que o Malawi: o rio não e navegável, segundo um estudo de viabilidade. Mesmo que tenha o desejado carvão coque de que lhe valeria isso se fica empatado?
Isto leva-me a suspeitar que o anúncio da Rio Tinto tem também por objectivo pressionar o Governo moçambicano a cumprir com as suas obrigacoes: criar infraestruturas ou pelo menos facilitar a existência delas, se considerarmos os investimentos avultados feito pela empresa. Também me parece que pressiona a suposta elite política empresária a ser menos parcial no uso do seu "tráfico de influencia". Ao que tudo indica exigem "direitos iguais"... Nao sei se por motivo éticos, ou comericias...

Surge agora uma questão: o que fala mais alto, os interesses nacionais ou os interesses individuais dos políticos empresários moçambicanos? Já o saberemos no desfecho desse caso. Mas também não me surpreenderia se mais algum político influente se associasse a Rio Tinto numa empresa gestora de mais um corredor ou plataforma de escoamento de mercadorias... Muita água ainda vai correr nesse rio...


Leia e escute mais em: http://www.dw.de/descalabro-nas-contas-da-rio-tinto-causa-consterna%C3%A7%C3%A3o-em-mo%C3%A7ambique/a-16545320

Um porquinho hallal para um muculmano

Cor de rosa, pequeno e com formas não muito bem definidas. Como um pêndulo o porquinho era suportado por um cordão de lindas missangas grossas, que terminava com uma argola. Era um chaveiro. Paradoxal sorte teve a mãe da criança que o fez em recebe-lo, e a própria criança. Eram todas muçulmanas e turcas.

A última actividade infantil de uma creche alemã era por as crianças a representarem a felicidade, e fazerem-nas perceber a importancia dela. No final houve uma apresentação e brindes feitos pelos pequenos, com símbolos da sorte no país, o trevo e porco.

Quando vi o porco viajar para as mãos da mãe turca, em meio a aplausos, fiquei boquiaberta. A senhora muito bem educada, e sensível ao esforço da filha, recebeu o chaveiro e tratou imediatamente de substituir o velho pelo novo.
No meio disso tudo fica a questão: até que ponto vai a sensibilidade desta creche? O seu pessoal tem menus diferentes, em respeito aos muçulmanos, tal como tem cuidados em relação a outros aspectos. É uma creche da igreja católica, onde os meninos são obrigados a rezar independentemente do seu credo religioso. E isso com o consentimento dos país, portanto em relacao a isso nao há nada a questionar.

Mas isso nao quer dizer que possam agredir, mesmo que nao seja intencionalmente. É o preco de ser emigrante, apesar dos esforcos há sempre algo que escapa... e lá vao os pais engolindo alguns porquinhos...

O golpe fatal no coracao lusitano



O Sri Lanka quer promover o uso da língua de Camões com a ajuda do Brasil. Digam-me lá se isso não e mais um facada para Portugal que já está com a auto-estima muito por baixo? A luta pela "propriedade" da língua entre portugueses e brasileiros, tendo como um dos pontos o polémico o (des)acordo ortográfico, já deixa os portugueses enfurecidos. Estes consideram-se os "legítimos" donos da língua Portuguesa. Nem falo dos africanos falantes de Português, porque esses são realmente invisiveis nessa luta. Só servem para as estatísticas, e por sinal falsas.

Mas os portugueses não tem como fazer frente ao Brasil, hoje considerada potencia emergente. Língua é poder. O Brasil hoje é o poder, e ponto final. A acrescentar Portugal mergulha numa profunda crise financeira, o que não lhe permite cantar de galo.

Reza a história que Lourenço de Almeida levou a língua para o Sri Lanka de barco no séc XV. Claro que os lusitanos ocuparam uma parte do país, impuseram o cristianismo e por isso eram detestados. Depois de tanto esforço hoje os portugueses devem se sentir traídos em ver a ex-colónia a colher os louros..

E para aumentar a dor deles, alguns brasileiros já chamam o Português de Brasileiro, numa tentativa absurda e descarada de se tornarem os "novos proprietários". E como a língua é poder, a próxima nova língua será Brasileiro. Ou seja, terá o rotulo do "novo propritário"...

É verdade que cada uma dos países onde se fala a língua tem as suas marcas próprias, e por isso os académicos moçambicanos denominam, por exemplo, o Português que se fala em seu território como PM, Português de Moçambique. E acredito que os angolanos também o fazem. É uma questao de lhe conferir uma identidade, mas nao de marcar diferenca, afinal na essencia nao ha diferenca...


Mas maior traição ainda para os portugueses deve ser ver os próprios europeus dizerem que no Brasil, onde também o Português foi lá parar de barco, se fala Brasileiro. Portanto, se Portugal quiser manter o "titulo" tem que começar a luta no seu próprio quintal... Mas terá capacidade? Com a maior confiança e certeza os "patrões" da zona euro chamam a língua de "Brasilianisch"... Quanta ignorancia... ou entao, quanta safadeza...
Estes sao apenas alguns sinais do reconhecimento internacional de que o Brasil é o líder, e a Portugal só resta mesmo ficar mergulhado no saudosismo que o caracteriza...

Por esse andar daqui a pouco não fará sentido existir a CPLP, Comunidade de Língua Oficial Portuguesa. Talvez uma CPLB, Comunidade de Países de Língua Oficial Brasileira... ou entao se formos pelas lógicas desses dois "grandes", nao faz sentido nenhum existir a CPLP, pelo menos pelos motivos que a originaram...
Valha-me Deus!!