terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A bem ou a mal Bissau engole CPLP


Que interpretações se devem fazer da nomeação de José Ramos Horta ao cargo de representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau? É verdade que o invejável curriculum da figura timorense é mais do que suficiente para ocupar o cargo. Mas há outras evidências que provavelmente motivaram a sua nomeação, portanto dá para dizer, com certo humor caustico, que o governo de transição recebeu um presente envenenado logo no começo do ano. 

Está assumido pelo governo de transição guineense que a CPLP não é exatamente bem vinda na negociação da sua crise. A CEDEAO é o parceiro confiado de Bissau. Por exemplo, recentemente o governo de Serifo Nhamadjo disse estar satisfeito com a presença das forças desta organização no país, apesar da Liga dos Direitos Humanos Guineense afirmar que a tal força assiste impávida as violações dos direitos humanos no país.

Uma missão conjunta da comunidade internacional esteve no país no mês passado, ela era composta por membros da CPLP, CEDEAO, UE, UE e liderada pela UA. Mas a missão da CEDEAO simplesmente gazetou a missão diplomática. Na altura o governo mostrou claramente a sua falta de confiança na missão. O seu porta-voz, Fernando Vaz, disse que esperava um retrato real das constatações no terreno e que o seu governo esperava que a situação nao fosse mais uma vez politizada.

Obviamente que o grupo regional ocidental não deve gozar de muita simpatia da comunidade internacional pelo facto de reconhecer um governo ilegal na Guiné-Bissau, segundo pressuposto democráticos. A CPLP, que não o reconhece, portanto, fala a mesma língua que a comunidade internacional, pelo menos neste ponto.

A nomeação de um representante da ONU proveniente de um país membro da CPLP, pode parecer inocente, mas em termo práticos isola e sufoca a CEDEAO e obviamente a Guiné-Bissau. Quer queira quer não, de alguma maneira o governo de transição é obrigado a engolir a CPLP, se não desliza com mel, então...

Enquanto a guerra entre a CEDEAO e a CPLP não terminar as chances para uma saída pacífica são mínimas. Sabemos que no fundo a disputa é dominada por Angola, que se quer impor no continente africano ao nível diplomático, e a Nigéria que quer também o posto. Portanto, está um país a afundar-se também em nome de ambições alheias.

Entretanto, há quem defenda que a CEDEAO é a organização com mais legitimidade para apoiar Bissau nesta fase. Segundo analista políticos, existe um principio segundo o qual a organização regional a qual o país visado pertence é quem tem primazia na resolução de crises...




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