segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Era uma vez uma avestruz chamada ANC...

que meteu a cabeça na areia. Expulsou Julius Malema do partido, preferindo fazer de conta, ou mostrar, que a África do Sul não tem problemas. Mas a crise é latente com vários barris de polvora prestes a explodir, um a um, a qualquer momento. E as manifestações de marikhana representam apenas um barril, de grandes dimensões, diga-se de passagem. E qual será a potência do último barril se a técnica da avestruz persisitir?

O governo do ANC meteu os pés pelas mãos consecutivamente, e queimou-se. A polícia local assassinou os manifestantes, num festival de tiros de fazer inveja a hollywood. O responsável ainda não foi punido, espera-se pelos resultados de um inquérito. Tentando virar o jogo no meio de atrocidade, que entretanto o governo está a tentar remediar com falas mansas, a justiça direcionou-se contra os manifestantes acusando-os de inúmeras violências. Face a esta despautério, a sociedade civil se insurgiu fazendo com que a justiça voltasse atrás e ganhasse vergonha, mas o brio, esse a justiça nunca teve. A tensão aumenta com repetidas greves que se alastram a outras minas. O governo definitivamente não tem o domínio da situação.

E para piorar entra em cena Julius Malema, persona non grata no ANC, a instigar as revoltas. Não eram as desigualdades sociais a grande preocupação deste líder juvenil? Logo, esta é uma boa oportunidade para voltar a ribalta, em grande, e enfrentar o ANC de Jacob Zuma. Lembremos que o jovem sempre defendeu a nacionalização das minas, como forma de trazer mais equílibrio na distribuição de rendas. Terá sido este o principal motivo para o afastamento dele? É verdade que Malema tem o seu lado arruaceiro que deve ser resolvido, mas convenhamos que o fim do Apartheid deixou cancros que são uma espécie de tabu para o governo...

E para enfraquecer mais ainda o partido histórico, as divisões internas estão bem patentes. O discurso de "recuperação" dos ideiais do ANC "original", são um apelo emocional com grande peso neste momento. E esta é uma arma que Julius Malema definitivamente não dispensa nesta batalha. Sim, batalha, porque parece que esta é uma guerra que ainda vai no princípio.

Mas a questão de fundo que se coloca é: deixar a maioria branca ou de estrangeiros continuarem a dominar a economia foi uma medida acertada? Outra questão: quais são os riscos da África do Sul transformar-se numa espécie de Zimbabwe? Quais são as chances da revitalização do ANC?





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