segunda-feira, 16 de abril de 2012

Encontro casual com o saber


Numa caminhada ao longo de um parque verde de Bona, uma estante de livros se põe a frente de mim. Sim, porque não estou a espera dela, tal como a maioria dos mortais não está a espera desta irreverente inovação. E mais alguns encontros destes acontecem um pouco pela cidade, gracas a um cupido chamado municipio-municípe. Sou informada que as estantes são alimentadas por generosos anónimos, dispostos a partilhar o que tem, desprovidos de egoismo e a estante, claro, disponibilizada pelo município. Qualquer pessoa pode levar um livro sem ter de passar pelo bibliotecário, e melhor, sem passar por burocracias. Mas tem de o devolver a estante, "afinal o saber nao pode ficar refem de ninguém", disse isso um colega meu numa reunião em 2004, referindo-se a colegas que dominavam determinadas técnicas de trabalho, mas que se recusavam a passar aos outros. Se a maioria fosse "grande", o mundo seria menos pobre em todos os sentidos.

Entretanto, nem todos os que dão os livros é porque estão preocupados em alimentar mentes alheias. Uns o fazem porque se querem livrar dos excessos que tem em casa, e aliviam-se na bibliotecas livres. E também porque a mobilidade domina o estilo de vida de hoje, os livros tornam-se um peso na hora de correr a mala para outro pouso temporário. Na verdade não interessa o que originou a doação dos livros, o que interessa é que eles estão lá e circulam. São exemplos desses que gostaria de levar para o meu país, com a boa vontade e a generosidade de quem tem pouco, mas que quer ver as coisas andarem. Até me lembro da frase "onde come um come dois, onde come dois come três...", que no meio onde vivo é percebido mesmo ao pé da letra. No caso do saber vale lembrar no sentido figurado mesmo que "onde lê um, podem lêr um milhão..."

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