quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Entrevista: Angola, uma futura potência?



"Angola: Potência regional em emergência" é o titulo do livro de Eugénio Costa Almeida lançado esta terça-feira em Lisboa. A obra baseia-se na tese de doutoramento do autor. Ele defende que Angola consolida-se como potência na região central da SADC, uma posição que pode gerar conflitos com a potência África do Sul, embora lhe falte o desenvolvimento tecnológico. Eu, através da DW, conversei com Eugénio Costa Andrade sobre o tema:


Nádia Issufo: Que factores, para si, colocam Angola numa posição de potências em Angola?
Eugénio Costa Almeida: São essencialmente factores de ordem económica, social e política, embora não sejam, naturalmente os únicos factores que definam uma potência regional.

NI: Hoje na SADC  a potência é a África do Sul. Há alguma possibilidade do chamado país do arco íris ser "suplantado" por Angola?
ECA: Eu como angolano gostaria, mas vamos ser honestos; é evidente que não. A África do Sul é uma potência que já existe há muito tempo e se vem afirmando não só a nível regional austral, mas em todo o continente. Há cerca de 30 anos é claramente a potência africana, portanto não será nos próximos anos que Angola poderá se igualar a força potencial da África do Sul.

NI: Esta emergência de Angola cria algum tipo de divergência com a Africa do Sul?
ECA: Pode e criará de certeza, mas caberá aos líderes dos dois países saberem dirimir essas divergências de modo a que elas não se conflituam, ou seja, quando alguém já está colocado num determinado patamar por regra não gosta de ser desalojado dele, e quando esse patamar é um pouco apertado, duas no mesmo sitio e ao mesmo tempo torna-se problemático. Até porque a África do Sul considera que Angola faz parte da sua zona de influência, e há países que fazem parte da actual zona de infuência de Angola que fazem parte da zona de influência da África do Sul. Eu não estou a ver que um ou outro prescindam desse factor, é certo que Angola está mais virado para a zona central, mas não esquecendo aqueles países que por outra razão mais próximo se encontram da sua órbita, refiro-me ao Zimbabue, Zâmbia e de alguma forma a e um pouco difusa a própria Namíbia.

NI: Na sua óptica falta a Angola o desenvolvimneto tecnológico para se afirmar como potência. Onde coloca as outras coisas que também faltam ao país como o fraco quadro profissional e académico e a situação política criticada internamente e externamente?
ECA: Esses factores não condicionam a partida a formação de um Estado como potência. Atenção! Não é bem assim, porque o desenvolvimento académico e intelectual está de certa forma interligado ao desenvolvimento tecnológico. Mas a questão de estabilidade política não me parece que seja condição sine qua non para que o Estado se afirme. É evidente que se pudermos juntar uma estabilidade política, uma harmonia em todos os interesses políticos que estão em Angola, mais agradável seria, e talvez mais rapidamente Angola pudesse se afirmar ainda mais no contexto das nações africanas.

NI: Até que ponto a situação ionterna angolana influencia o papel e a imagem de Angola no continente?
ECA: Não está a influenciar, talvez se nós enquanto cidadãos desejassemos que pudessem permitir um maior desenvolvimento político, uma menor autocrácia, menor afirmação política de determinados grupos, nós sabemos que é a imagem do seu actual presidente José Eduardo dos Santos que tem permitido que Angola se afirme no contexto das nações africanas transmitindo uma imagem de estabilidade que a partida verificamos que não é tão linear assim.

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