sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A preta que dá que falar...

Maputo está em alvoroco por causa de uma publicidade de cerveja. Pela centésima vez a Mac Mahon aproveita a sensualidade feminina para vender a sua "preta" que já lhe trouxe medalhas e fama internacional, que o digam os diplomatas ocidentais...
A mais recente publicidade da empresa é um cartaz, ou outdoor, que mostra uma mulher preta de corpo escultural com a "sua" etiqueta, e a acompanhar a foto um pequeno texto: "Esta preta foi de boa para melhor, agora com uma garrafa mais sexy"
Na verdade em todo o mundo existe uma tendencia exagerada para a "coisificacao" da mulher, principalmente no mundo da publicidade. Acho bom que se pense no fenomeno ja cansado e se mude de atitude. E nao nos esquecamos também das guerras publicitárias que assistimos diariamente entre as duas companhias de telefonia móvel do país, ela nao é menos obscena que a da 2M!

As feministas...
Desta vez as organizacoes femininas do país, ou de Maputo, decidiram se "proteger" mais ao exigir, depois de anos de uso "abusivo" da imagem feminina, o seu banimento. Nunca é tarde para mudar o que está errado, entretanto nao é com histeria, que muitas vezes dá má fama as mulheres, que se constrói Romas...
Li no site da "Voz da América" que o Fórum das organizacoes femininas deram um ultimato a empresa e ameacaram fazer uma manifestacao:
http://www.voanews.com/portuguese/news/09_08_2011_moz_beer_advertising-129473163.html

Será que o caso merece tanto estardalhaco? E porque partir para as vias de facto se existem instituicoes no pais que supostamente devem regular e sancionar no mundo da publicidade? Ou ainda nao existem? Caso nao, Mocambique é um Estado de Direito e sendo assim melhor se dirigir as instancias certas. E no caso das publicidade que passam nos órgaos de comunicacao social, o Conselho Superior de Comunicacao Social trata de supervisionar e banir, que eu sei, mas se já nao cumpre com o seu dever, entao ataquem-no!
A somar tudo isso espero que o problema nao esteja a ser usado como um trampolim para que as feministas de Maputo ganhem visibilidade...

Nao uso calcinhas...
Nao sou feminista, e repelem-me um pouco as que sao. Assumo: é egoismo da minha parte. Estou satisfeita com o que sou, e geralmente nao me sinto "menos" porque sou mulher. Nao preciso de barafustar para mostrar o que posso, apenas preciso de fazer. E nao faco porque sou mulher, mas sim ser humano antes de mais, preciso crescer para mim e para os outros.
Apesar do meu defeito, reconheco que a grande maioria das mulheres precisa de ajuda para que sejam respeitados os seus direitos. Defendo a sua causa, tal como sou a favor da igualdade entre os sexos. Causa-me repulsa pessoas que chamam a mulher de "genero", e envergonha-me ver gente da media a ir pela mesma linha.
E por isso quando as mulheres da "cidade", num país subdesenvolvido como Mocambique, decidem exaltar os seus valores, em assunto como o da "preta", provocam-me arrepios e désdem. Nao sei qual é a esfera de actuacao da maioria das organizacoes feministas, mas desconfio que nao devem chegar onde podem ser uteis: no campo, na periféria.
Acredito muito pouco neste tipo de organizacoes, com desconto para Nacoes Unidas, que tem um programa direcionado para mulheres, e tem certa credibilidade, ou outras que mostram resultados com trabalho que fazem no terreno. Agora pequenos grupos de mulheres que fazem a nata da elite maputense e que tem a facilidade de chegar aos meios de comunicacao, sinceramente desses eu desconfio... Ai esses grupos é que me parecem egoistas! Mas como cada um é livre de ser o que quer, que fazer?

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