quinta-feira, 21 de abril de 2011

LAM : estamos sempre a descer?

A companhia aérea moçambicana, que tem o monopólio do mercado e pratica preços altíssimos, está agora com as asas cortadas. A União Europeia proibiu-a de voar para a Europa e aconselha ainda aos europeus a não viajarem na "estamos sempre a subir", o slogan da LAM, as linhas aéras de Moçambique. O não cumprimento dos requisitos de segurança impostos pelo velho continente originou esta situação, agora a LAM vai ter de se limitar apenas aos voos doméstico ou aos voos regionais em África, uma situação que só vai ajudar a empresa "descer". E como tem sido hábito nos momentos de crise no país, os administradores são demitidos, se bem que o senhor Viegas, responsável da empresa, esteve lá por muitos anos.
Este golpe contra a LAM surge num momento em que a companhia tinha conseguido voltar a voar para Lisboa, depois de uma interrupção de vários anos, cujos motivos desconheço. Esta situação me fez lembrar a TAAG, a companhia aérea angolana, que vive situação semelhante, na verdade mais grave. Não tenho duvidas que estas companhias tenham irregularidades neste campo, as peças dos aviões da TAAG que cairam em Portugal durante um voos, não foram virtuais...
Mas até que ponto estas decisões são uma forma das companhias europeias robustas ocidentais açambarcarem os clientes destas problemáticas companhias? Não nos esqueçamos que cada vez mais os ocidentais vão para África a procura de um tesouro, e se as companhias africanas não os podem ir buscar, então vão as companhias europeias deixa-los, como a Lufthansa alemã... E agora com a crise, todos os viajantes são lucro, como se diz...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Burka Emakhuwa

Foto: Ismael Miquidade

Será que Nicolas Sarkozy, Barack Obama, e outros sabem que existem mulheres que usam a "burka" em Moçambique? Acho que não, mas se tívessemos petróleo, ou outro recurso que alimentasse as suas necessidades energéticas, provavelmente iriam se preocupar com os direitos destas mulheres discriminadas...
A vantagem da pobreza é essa... até certo ponto Se pode viver em paz, porque não existimos...

Importação de hábitos...
Na foto uma mulher da região norte de Moçambique, onde as influências árabes são grandes, e por isso existem muito muçulmanos. Mas as mulheres muçulmanas desta região cumprem com as recomendações do Islão, de andarem cobertas, mas de acordo com os meios que a sua cultura dispõe, no caso a capulana. Mas nas grandes cidades já entram as vestes semelhantes a burka, na capital do país, Maputo, então nem se fala. A nossa velha capulana ficou mesmo para as mais velhas ou para as conservadoras... Mas muitas idosas de cidades pequenas, como Inhambane por exemplo, nunca abandonaram o "pano para toda a obra"... E não deixaram de ser muçulmanas por isso. Embora reconheça que gosto dessas "quase" burkas...

terça-feira, 12 de abril de 2011

"menschlichen Tsunami"

Tsunami humano, foi como o primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, qualificou a entrada massiva de imigrantes africanos no seu país.
http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE73808A20110409
Que comparação dura... O nome tsunami tem uma carga tão negativa, ela, pra mim, dá forma ao mais catastrófico, como por exemplo a frase "fim do mundo" e tudo de mau que se possa imaginar.
Também é verdade que a Itália se vê a nora com a quantidade de imigrantes e com a falta de apoio dos seus vizinhos que também não os querem. Mas a "sensibilidade" que a política o ensinou a ter está tão em baixo que não sustenta mais a máscara?
Espero que nenhum imigrante, especialmente os que fogem de guerras ou outras situações insuportáveis, escute as opiniões que os líderes europeus tem sobre os seus problemas...

Costa do Marfim: agora vem o prato princípal?

Parece que desde Novembro até agora a Costa do Marfim esteve só na fase dos aperitivos, por sinal um longo e difícil aperitivo. Os reais resultados desta fase só com o tempo se seberá. Mas daqui para frente como será a Costa do Marfim? Os conhecidos 45% dos apoiantes de Laurent Gbagbo vão aceitar o derrube do seu líder com passividade? O país que esteve sempre na iminência de se dividir, sul e norte, tem todas as condições agora para que acabe como o Sudão, em duas partes. Uma verdadeira guerra civil pode voltar a acontecer, agora com mais motivação.
Entretanto, o presidente eleito, segundo observadores internacionais, e reconhecido pela comunidade internacional, vai poder fazer o que tanto deseja: governar a Costa do Marfim. E assim terá prevalecido em mais um país africano a democracia. Posto isto se retiram do país as tropas francesas e da ONU, depois de terem feito o serviço para Ouattara, onde os locais vão se acabar a custa da violência. Os primeiros discursos de organizações importantes e até de Alassane Ouattara são de não retaliação e de paz, um discurso belo, mas difícil de ser cumprido...
O presidente reconhecido pela comunidade internacional, e a própria comunidade internacional, querem que Laurent Gbagbo se sente no bancos dos réus pelos actos que cometeu, provavelmente o TPI, como é hábito, o acuse de genocídio e essas coisas todas que conhecemos. Mas as organizações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch, denunciam as barabaridades cometidas também pelas forças de Alassane Outtará. Irá a comunidade internacional ajudar este homem a ir fazer companhia a Laurent Gbago em Haia?

O que mudou?
A habitual eleição, pelas grandes potências como a França e Estados Unidos, dos seus "meninos bonitos" transportam-me para a história do meu país que estudei na escola primária, onde se conta(va) sobre a forma que os colonizadores usavam para ocupar os territórios: faziam parcerias com reis que serviam os seus interesses e lhes davam apoio para derrubar os reis rivais. Isso foi só na fase inicial. E a história mostrou que todos os reis viraram depois seus inimigos, um de cada vez, até que todos estavam do lado oposto e foram aniquilados.
E pois que vale a frase: "E a história se repete..."

segunda-feira, 11 de abril de 2011

França:

As forças das Nações Unidas e forças francesas intensificaram na última noite os ataques com misseis contra a residência do ainda presidente da Costa do Marfim. Mesmo assim Laurent Gbago recusa-se a abandonar o seu "bunker". Enquanto isso, na capital francesa milhares de pessoas fizeram ontem uma manifestação pró-Gbagbo. Os descontentes acusam a França de ingerência nos assuntos da Costa do Marfim, reconhecem Laurent Gbago como legítimo presidente e contestam Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional. Também o Golf Hotel, a base de Ouattara em Abidjan, foi atacada no sábado.
Estarão todos intervenientes, internos e externos, preparados para continuar neste país caso uma das partes se saia bem (ou mal)?  Gbagbo tem 45% do dos costa marfinenses do seu lado, na diáspora este é maior sinal de descontentamento. E no resto de Árica, como é hábito, as opiniões do locais nunca existiu.

A França sempre disse que não pretendia entrar nesse conflito, mas parece, pela notícia, que mudou rápido de idéia, ou pelo menos fez saber tarde. Mais sobre o assunto para ler em: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6498222,00.html

Não há liberdade de esconder...

A partir de hoje é proíbido usar o véu integral, ou nikab, em lugares públicos na França. A desculpa do governo francês é de que essa imposição visa preservar a igualdade. Só que o governo de Nicolas Sarkozy atropelou o princípio básico, que por sinal dá fama ao seu país, a Liberdade. Isso só revela arrogância, e uma nova forma de colonização, e a pior que pode haver, porque a ocupação territorial deve doer menos do que a proibição da identidade e a imposição exactamente do oposto. Porque acha a França que os outros devem ser iguais a si? A condição de fragilidade, são muitos deles imigrantes, não lhes deixa outra saída senão baixar a cabeça, descoberta, a esta humilhação. Em suma; a França vai contra todos os valores que prega fora de casa. 

Fora este caso particular da França, oiço, principalmente na Europa, muitas pessoas criticarem o uso dos véus por terem a "certeza" que as utilizadoras são forçadas pelos seus maridos opressores. E imediatamente tomam as dores, de algumas que estarão nessa situação, e também de outras que o fazem livremente. Não nos podemos esquecer que este véu, tal como outros acessórios, comidas, músicas, etc, fazem parte da forma de estar e da cultura de alguns povos.
Tal como na Europa e em muitas partes do mundo algumas mulheres podem vestir apenas um cinto "largo", mostrando as pernas, um "inha" curta que deixa o umbigo de fora, e com decote que só não mostra os mamilos, etc. Mas cada um se veste como quer, graças a Deus, porque supostamente há liberdade de mostrar. Porque então não há a de esconder?

Há quem diga que como em alguns países árabes as mulheres estrangeiras devem se cobrir em público, então quando as mulheres árabes que usam o véu vão para o ocidente também devem obedecer as regras do lugar onde estão.
Ora esta! Então os coitados dos ocidentais vão deitar fora tudo o que consquistaram nesses séculos por causa de uma rixa com gente que ainda tem de aprender?

domingo, 10 de abril de 2011

Dividir o estorvo equitativamente...

A Itália disse que vai autorizar os imigrantes que já estavam em seu território, até a última semana, a circularem pelo espaço Schengen. Esta decisão acontece num momento em que aumenta a entrada de imigrantes vindo de África na Itália.
Parece que com este posicionamento Silvio Berlusconi quer dividir o seu "fardo" com a Uniao Europeia que parece ter atirado este capitulo da migração para as mãos da Itália, que por sua vez ja não tem o "rei dos reis" de África a ajudá-la a reter os africanos do outro lado do mar pagando para isso elevadas somas. Muammar Kadhafi está agora a resolver assuntos internos do seu país. Por outro lado, as outras crises económico-políticas do Magrebe só vieram agudizar as crises de migração do velho continente.
Vamos ver se a União Europeia se mexe mais um pouco depois da "espicaçada" de Berlusconi... parece-me que a mensagem já foi passada...
E no dia 11 de Abril, mais uma vez a Itália mostrou o seu descontentamento quanto a actuação da União Europeia: 
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/901331-italia-critica-postura-da-uniao-europeia-frente-a-imigracao-ilegal.shtml

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Costa do Marfim: Jogadas desastrosas?

Na Costa do Marfim as forças de Alassane Ouattara encurralaram Laurent Gbagbo e as suas forças até ao limite, aparentemente, jogando a sua última cartada para que o ainda presidente do país abandone o poder. Praticamente o país está em guerra civil. Só que o tiro lhes saiu pela culatra, ou melhor, deixou de haver tiros porque as forças de Ouattará recuaram. Gbagbo resiste, e como nem Ouattara e nem a ONU pretendem sujar as suas mãos de sangue, deram com o pé para trás e Laurent Gbagbo também joga a sua última cartada, ao que tudo indica, querendo morrer como mártir. Portanto, não se trata apenas de uma guerra de balas, é principalmente a guerra psicológica.
Enquanto isso a imprensa vai dizendo se desdizendo sobre a rendição do ainda presidente costa-marfinense, a espera ansiosa pelo grande momento.... É interessante ver como a comunidade internacional se vê travada pelas suas próprias regras... Tem tudo para matar o homem, mas como tem de respeitar os direitos humanos e outras coisas...
Também acho curioso o pronunciamento da França em relação ao assunto, diz que não pretende entrar na guerra. Óptimo se isso for verdade, mas para quem conhece o passado e o presente da França, deve dar uma gargalhada, quem me garante que ainda não entrou?
Por seu lado a ONU garante que as suas forças não participam dos ataques a residência do ainda presidente Laurent Gbagbo, mas testemunhas no local garantem que sim. Só não sei bem porque porque não se ofereceu para intervir na Líbia, mas deu carta branca as grandes potências para o fazer...

Flores que já cheiram mal

 Foto: Ismael Miquidade

São aquelas que os membros do governo moçambicano depositam em todos os feriados. Em dias como hoje, dia da mulher moçambicana, centenas de membros do partido Frelimo vão a praça dos seus heróis, sim seus heróis porque só a Frelimo tem heróis, entulhar centenas de caras e lindas coroas. Uma senhora moçambicana que assiste a este filme há mais de 35 anos, e que faz muitas contas a vida para por o pão na mesa, se pergunta: "Quanto dinheiro gastam com esses arranjos de flores?". E para piorar parece que lhes falta a imaginação, não só para encontrar heróis, mas também para celebrar datas consideradas históricas. Eu juro que se aumentarem pelo menos mais dois feriados na lista já existente, invisto as minhas poucas quinhentas numa florista, porque o retorno é garantido. Só espero que não me apareça ninguém a impor uma sociedade no meu negócio como condição para que ele realmente se efective...