quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os antecedentes do Malawi

Começamos do princípio. Em 1967 o primeiro ministro do Malawi, Hastings Banda, pediu uma ajuda financeira de 20.000 libras a Portugal para fazer face as despesas com 6000 refugiados moçambicanos. Esta informação consta do livro "Eduardo Mondlane Um Homem A Abater" de José de Jesus. Ainda de acordo com o livro, este foi um dos vários factores que fez com que Eduardo Mondlane não confiasse em Banda.
Hoje Moçambique e Malawi vivem uma crise diplomática por causa do uso do rio Chire, o Malawi quer usar este rio, que também corre em Moçambique, para escoar as suas mercadorias, mas sem consenso entre as partes. Moçambique por seu lado defende-se questionando a navegabilidade do mesmo e questões ambientais. Pois bem, sendo o Malawi um país dependente de Moçambique, por ser um país do interland, uma vez que usa os portos moçambicanos para receber e mandar mercadorias, quer naturalmente se tornar mais independente e pagar menos taxas a Moçambique pelo uso dos seus portos. Entenda melhor o contexto em:http://www.radiomocambique.com/rm/noticias/anmviewer.asp?a=5745&z=151
Também esta questão do uso dos portos é antiga,
volto novamente ao livro. Ele conta que Banda prôpos um acordo a Portugal, quando ainda colonizava Moçambique e passo a citar: "a)um acordo para o trânsito das mercadorias da Niassalândia (hoje Malawi) pelo porto de Nacala, mais conveniente do que da Beira... O primeiro ministro mostrou-se assim muito desejo de continuar, assim as boas relações com Portugal que aprecia e considerava úteis para a Niasslândia" pp 63-64.
E assim muito do que é anormal nas relações entre os dois países resulta deste historial a meu ver: A detenção do adido militar malawiano quando navegava o rio chinde, a desistência do Malawi de participar nos jogos africanos que decorrem em Moçambique em 2011, alegando que o país vizinho não tem capacidades para acolhê-lo e o mais recente li no Jornal Notícias de Moçambique, sobre a provável execução de dez moçambicanos no Malawi, numa caso arquivado pelo último presidente do país e agora reactivado pelo actual, Bingu Wa Mutarika. Ler mais em: http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/1153286
Em suma, o Malawi aperta o cerco a Moçambique com todas as suas armas, penso eu. E Moçambique, por sua vez, age de forma super diplomática. Até a bem pouco tempo, negava a tensão na relação com o seu vizinho, mas o encontro da SACDC em Pretória, na África do Sul a poucos dias, foi o assumir claro do estágio das relações.
Com isto só queria apenas avaliar e evidenciar os pontos a desfavor do Malawi, os seu posicionamento de dualidade deste o tempo em que Moçambique era colonizado e hoje a sua decisão unilateral de navegar o rio Chire. Pior de tudo é a jogada porca de entalar Moçambique internamente e externamente...

Sem comentários:

Enviar um comentário