quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem paga?

Foto: Ismael Miquidade
Titulo: Vendedor de Sapatos

O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, e o seu governo fizeram um recuo estratégico na decisão de aumentar os preços dos produtos e serviços de primeira necessidade. O recuo não foi até ao ponto de partida, a chamada "população", essa que vai as ruas fazer manifestações violentas, foi a que viu alguns preços reduzidos. Lembro que essa população, na sua maioria vulnerável,é que quase sempre vota no partido no poder e pelo seu candidato a presidência. Provavelmente este "congelamento" de preços pode ser uma tentativa de os acalmar e os manter controlados, afinal as eleições vieram para ficar. Além de que os doadores não gostam de saber que Moçambique, um país tido como referência em África em termos de governação e democracia, afinal não registou tantos avanços assim...
Mas então quem pagará os que os mega projectos no país não pagam em impostos? Alguns economistas moçambicanos mais frontais estão cansados de dizer que empresas como a Mozal não deveriam estar isentos de pagamento de impostos. O governo deixou que as grandes empresas ganhassem lucro limpo, e apenas "beneficiassem" da lei do mecenato e agora querem que os moçambicanos cubram a cratera que deveria ser prenchida pelos impostos dos mega-projectos. Enquanto isso empresas como a Mozal vão comprando espaços nas televisões para mostrar paragens de autocarros ou escolinhas construidas no ambito dessas leis de mecenato. Só que nesse espaço se esquecem de dar educação ambiental, mas esse é outro assunto...
Logo a seguir ao anuncio deste pseudo-congelamento dos preços, vi e ouvi numa televisao moçambicana que o banco central tinha ordenado aos bancos comerciais um aumento das taxas de juro.
Sabemos bem que não são os que enchem a barriga de arroz de terceira que tem acesso ao credito nos bancos... A chamada classe média e alta esta tramada...
O governo anunciou reduções nos subídios e regalias de grandes gestores de empresas públicas, mas até agora não veio a público em quantos por cento isso sera feito... Se e que isso sera mesmo feito.
E desde o dia 1 de Setembro as reuniões extra-ordinarias do conselho de ministros são uma constante. Delas resultam anuncios sem fim de medidas de contenção. Só o próprio presidente da república se recusa a por termo as suas presidencias abertas pelo país. Nao sei se se falou em diminuição, pelo menos, das suas viagens e da sua comitiva. De recordar que muitas vozes se erguem no pais por causa dos considerados altos custos da presidencia aberta. Elas são feitas de Helicopteros...
A ministra da administração estatal, veio a público informar que tudo ia continuar na mesma... Esperamos para ver com que meios agora o presidente continuará a levar a sua palavra e a do seu governo, que é da Frelimo, a população...
E porque Guebuza está mesmo empenhado em poupar, decidiu não participar numa reunião das Nações Unidas em Nova Iorque. "Até que enfim!" devem ter dito muitos moçambicanos. Só que logo a seguir o CTA, A confederação das associações económicas de Mocambique, informa que um grupo de empresarios moçambicanos vai participar de um encontro promovido pela ONU em Nova Iorque. A comitiva será liderada por Salimo Abdula, nada mais nada menos que um dos sócios do presidente da República nos seus investimentos empresariais!
E caso para levantar muitas perguntas... e em muitas outras viagens do presidente Salimo Abdula acampanha-o liderando o grupo de empresarios...

E onde esta a chamada classe media?
A que também é letrada e consciente está a comentar tudo com os amigos no cafe ou na internet. Uns ficam frustrados com tudo o que vem e querem exilar, outros nao tem coragem de passar a acção, e as proáveis "ameaças", por colocarem as "manguinhas de fora", lhes são atribuidos cargos de gestão sendo desta forma silenciados...
Na verdade não se resolve o problema do custo de vida para toda a população. O que acontece é que na verdade PARECE que se substituem as classes a arrotarem para resolver os deficits do governo moçambicano, uma substituição que parece mais "pacifica"...
Mais do que o anúncio de medidas e preciso que se mostre como os governantes que recebem salários decentes, mostrem como estao a contribuir para a contençãao de gastos. Que haja fiscalização...

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