terça-feira, 7 de setembro de 2010

Moçambicanos são pacíficos ou passivos?

Muitas pessoas dizem que o povo moçambicano é pacífico e eu, em momentos em que determinadas situações atingem os píncaros do inaceitável e não há reacção, digo que o moçambicano é passivo e não pacífico... E não me excluo do grupo!
Mas quando a crise ultrapassa os limites do inaceitável, a reacção desse povo é no mínimo assustadora. Sobre este comportamento cai como uma luva a frase "Ou é oito ou oitenta". Os exemplos de 5 de Fevereiro de 2008 e de 1 de Setembro último fundamentam o que digo.
Se por um lado este comportamento ponderado pode ser interpretado como uma forma de sabedoria, uma das grandes carecterísticas dos povos africanos, e que eu considero atitude muito inteligente, por outro também pode ser interpretado, em situações particulares, como cobarde...
Se por exemplo eu for assaltada na rua a luz do dia as dezenas de pessoas que estiverem por perto, incluindo gente capaz fisicamente, dificilmente me irião socorrer... É duro dizer isso, mas é a mais pura verdade! Uns olharão e seguirão as suas vidas impávidos e serenos...
Em muito casos o medo será um factor inibidor, noutros o lado humano, que certamente existe, se refugia num fosso qualquer do corpo ou da alma...
Não generalizo, mas muitos assim o são...

Os beirenses deitam por terra a frase "Ou é oito ou é oitenta"?
"há exceções a regra" é a frase que aparentemente os beirenses se podem vangloriar de usar... Não é preciso muito para que a população da cidade da Beira e arredores reajam a uma anomalia. São mais reactivos e activos... O que permite quase sempre uma reposição da ordem natural das coisas de forma mais ou menos imediata.
O último caso que agitou a segunda maior cidade de Moçambique prova o que digo. A população se insurgiu, ao lado do também activo município local, a tentativa de usurpação, ou usurpação, dos edifícios do município por parte da Frelimo, o partido no poder.
Já me dizia um grande jornalista do país que desde o tempo colonial esta região sempre foi delicada, os portugueses eram mais cautelosos na relação com a gente do Chiveve. Já o facto da região ser o bastião das maiores forças de oposição do país é revelador. Em jeito de brincadeira digo que a eles devemos agradecer muitas coisas que hoje vivemos...
Então imaginem, se todos fossem beirenses em vez de "moçambicanos"?
Acho que não teríamos atingido o Ideal, mas provavelmente um significativo passo a caminho do equilíbrio e justiça teríamos dado...

(um dia ainda sou linchada em terras Rongas... Mas estas bocas "pequenas" chamam reflexões mais profundas...)

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