quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Malangatana, 50 anos de carreira e reforma não está a vista... ainda vem ópera ai..


Foto: Sérgio Manjate

Malangatana recebe nesta quinta-feira, 11 e Fevereiro, o titulo Doutor Honoris Causa da Universidade de Evora de Portugal. Por isso, o conceituado artista plástico moçambicano vai aproveitar brindar o público local com algumas das obras que produziu ao longo dos cinquenta anos de carreira, em jeito de retrospectiva. Em conversa com a Deutsche Welle, Malangatana fez um balanço do seu percurso e contou o seu sonho...

Malangatana: Huuummm.... De facto meio século de carreira é muito, ainda não estou cansado, ainda continuo muito activo. Mas posso dizer que é uma grande experiência humana para mim porque a pintura levou-me também a pensar sobre outras coisas, levou-me a ter outra sensibilidade e envolvi-me politicamente aqui no meu país, para também dar o meu contributo na libertação do país, fui militante na clandestinidade, fui fazendo outras coisas que me permitiram estar envolvido muito a sério na cultura. Portanto, é um meio século não só de envolvimento na pintura ou na escultura, mas também em actividade sociais.

NI: Então não se aplica a palavra reforma na sua profissão?
M: Ehhhh...Reforma não... Risos... Não... Eu não estou a pensar nisso. Acho que se me reformasse hoje envelhecia de um dia para o outro. Eu sei que activamente é impossível que não esteja a cometer erros pelo caminho, mas isso não dá nem para desistir nem para me reformar. Quando penso fazer uma coisa muito a sério, que envolve não só a mim como outras pessoas, pergunto as outras pessoas como devo actuar.

Nádia Issufo: Falta-lhe realizar algum sonho a nível profissional?
Malangatana: Eu acho que sim... Atirei-me há uns poucos anos graças a uma cantora lírica moçambicana que vive na Suíça, a Stela Mendonça, que há anos atrás provocou-me para entrar para entrar no canto de ópera. O meu interesse, o meu sonho humilde é de encontrar um momento em que eu me entrego para educarem a minha voz. Eu canto ópera nos últimos quatro, cinco anos e gosto muito, mas gostaria de adquirir conhecimentos que me permitem pegar naquelas nossas óperas ou operetas escondidas nas vozes dos curandeiros, nos cantos dos curandeiros, nos cantos dos rituais africanos. Para não cantar só “La Traviata” de Giuseppe Verdi ou Caren Bizet ou outras óperas, mas também poder em companhia com outras pessoas criar óperas que também sejam tradicionais numa simbiose de troca de conhecimentos entre as culturas européia e africana.

Pode ouvir este pequeno "bula-bula" em:
http://www.dw-world.de/dw/0,,9585,00.html
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